

Grafeno: A peneira mágica que transforma água do mar em potável instantaneamente?
A busca por soluções para a crescente crise hídrica global pode ter encontrado um aliado poderoso e surpreendente: o grafeno. Cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, desenvolveram uma membrana ultrafina de óxido de grafeno que funciona como uma peneira molecular, capaz de remover os sais da água do mar e torná-la própria para consumo de forma eficiente.
Essa tecnologia promissora, detalhada em um estudo publicado na prestigiada revista Nature Nanotechnology, abre caminhos para revolucionar os processos de dessalinização, tornando-os potencialmente mais acessíveis e escaláveis. Será que estamos diante da chave para matar a sede do planeta?
O desafio da dessalinização e a promessa do grafeno
A dessalinização – processo de remover sal e minerais da água salgada – já é uma realidade em muitas partes do mundo, mas geralmente requer grandes usinas e um consumo considerável de energia, tornando-a inviável para regiões mais pobres ou sem infraestrutura adequada.
É aqui que entra o grafeno, um material conhecido por sua incrível resistência, leveza e propriedades únicas em escala nanométrica. Pesquisadores viram no óxido de grafeno, uma forma modificada do grafeno, o potencial para criar membranas de filtração altamente seletivas.
Como funciona a membrana de óxido de grafeno?
A equipe da Universidade de Manchester conseguiu criar membranas com poros extremamente pequenos e controlados com precisão atômica. Esses poros são grandes o suficiente para permitir a passagem rápida das moléculas de água, mas pequenos demais para que os íons de sal dissolvidos (como o cloreto de sódio) consigam atravessar.
Imagine uma peneira tão fina que só deixa passar a água pura, barrando os sais. É basicamente esse o princípio.

Superando o obstáculo do inchaço
Um dos grandes desafios enfrentados em pesquisas anteriores era o fato de que as membranas de óxido de grafeno tendiam a inchar quando imersas em água. Esse inchaço aumentava o tamanho dos poros, permitindo que os sais menores passassem junto com a água, comprometendo a eficácia da filtração.
O grande trunfo dos cientistas de Manchester foi desenvolver uma estratégia para controlar esse inchaço. Eles conseguiram estabilizar a estrutura da membrana, mantendo o tamanho dos poros rigorosamente controlado mesmo em contato prolongado com a água. Isso garante que apenas a água passe, resultando em água potável.
Potencial impacto: Água potável para todos?
Os resultados são animadores. A membrana de óxido de grafeno demonstrou ser altamente eficiente na filtragem dos sais comuns, abrindo portas para sistemas de dessalinização mais:
Eficientes: A passagem rápida da água sugere um processo potencialmente mais veloz.
Escaláveis: A tecnologia poderia ser adaptada para diferentes escalas, desde filtros individuais até sistemas maiores.
Acessíveis: A possibilidade de criar sistemas menores e mais simples pode beneficiar países e comunidades que hoje não têm acesso a grandes usinas de dessalinização.
Embora a tecnologia ainda precise ser testada em comparação com as membranas de dessalinização industriais existentes e otimizada para produção em larga escala, o potencial é inegável. A peneira de grafeno representa um passo significativo em direção a uma solução sustentável e acessível para a escassez de água potável, um dos maiores desafios do nosso tempo.
Fonte: BBC